quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Calunga Pequena e Calunga Grande


Aqueles que acreditam nas Forças da Natureza e no Poder dos Orixás, sempre que adentram em um santuário da Natureza, devem prestar respeito e reverência, seja ao entrar na mata, diante da cachoeira, à beira da praia, frente às ondas do mar, no sopé de uma montanha e mesmo no campo santo, morada de tantos espíritos, no portal dos mundos.

O médium de Umbanda, ao entrar na Calunga pequena, isto é, no cemitério, deve pedir licença ao Pai Omulu, em primeiro lugar, depois a Ogum Megê e finalmente ao Exu guardião daquele local, para ao sair dali, voltar em Paz para seu lar, sem levar energias pesadas ou carregar espíritos sofredores.

Se sabemos que há habitantes, temos até por educação, entrar com cuidado e respeito. Alguns utilizam guias de aço, guias contra-egum para entrar, não só em cemitérios, como em outros locais de energias pesadas, como os hospitais.

Porém, o fato de absorvermos miasmas do ambiente ou sermos seguidos por espíritos sofredores ou obssessores, pode ou não acontecer, dependendo de como estivermos vibrando, já que somos poderosos atratores de energias afins, de modo que nossos pensamentos elevados, o teor vibratório de nossos espíritos, além do poder da oração, não permitirão que levemos para casa as energias mais densas.

Pai Omulu é considerado na Umbanda, como Orixá da Saúde e Chefe da Falange dos Mortos. Socorre nos casos de doenças, protege os hospitais e intui os médicos, além de auxiliar o desprendimento do espírito na sua libertação da veste carnal. Encaminha a alma dos recém-desencarnados, enquanto se utiliza dos fluídos que se evolam do corpo físico para trabalhos de magia. Daí a sua ligação com os cemitérios e cruzeiros, onde se condensam vibrações desse gênero.

Alguns consideram Omulu e Obaluaiê o mesmo Orixá. Alguns Pais no santo enfatizam algumas diferenças. A maioria considera que Omulu é a forma mais idosa do Orixá e Obaluaiê a forma mais jovem. Ele, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par energético, magnético e vibratório com a nossa amada mãe Yemanjá, onde ela gera a vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão sustentação às manifestações da vida.

Fazendo um entrecruzamento com Omulu, Ogum Megê trabalha na linha das Almas, comandando a energia de ogum dentro da Calunga Pequena. Vibrando com Omulu, O Sr. Ogum Megê é o disciplinador das almas insubmissas. Está presente nos assuntos relativos a desmanche de magia. È colaborador de Iansã. É o guardião dos cemitérios, rondando suas calçadas, lidando com a Linha das Almas.

Quando se fala em linha das Almas, também se refere aqueles espíritos iluminados, que se preocupam com a cura dos males físicos e espirituais, junto aos pretos e pretas velhos.

Quando citamos a saudação ao Exu da Calunga pequena, ele será da grande falange de Seu Exu Caveira, onde estão outros exus e suas respectivas falanges: Exu João Caveira, Tatá Caveira, Exu Caveira, Exu Caveirinha, Pomba gira Rosa Caveira, Pomba Gira Rainha do cemitério, Exu Quebra Ossos. Alguns ainda citam Exu Pemba, Exu Brasa, Exu Carangola, Exu Pagão, Exu Arranca toco e Exu do Lodo (também ligado à Nanã).

Os Exu Caveira tratam da proteção direta dos encarnados, nos assuntos do dia a dia, daqueles que são filhos de Omulu. São extremamente rigorosos, não admitindo deslizes morais, pois daí se afastam ou castigam. Mas também protegem e acompanham seus filhos por todos os caminhos, quando eles trabalham na mediunidade, auxiliando no resgate das almas.
Os Exus Caveiras também estão sempre de guarda nas campas, impedindo o vampirismo e o roubo de energias que ainda possam existir nos recém desencarnados, para evitar o seu uso na magia negra e formas pensamentos materializadas que o poder das trevas usam para corromper e espalhar o mal. Sua luta é infindável, mas também eles são incansáveis.
Já na Calunga grande nós temos o mar imenso, domínio da Senhora Iemanjá. Ali tomam conta os marinheiros, as caboclas do mar, e na praia os pretos velhos, ciganos, exus e pomba giras. À Iemanjá podemos pedir ajuda para solução de problemas que necessitem de urgente retorno, como exemplo; a cura para as doenças.
Também conhecida como Janaína e Inaê, está associada a Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes. Seus atributos são a maternidade, a abundância e a generosidade. Favorece os cuidados com os filhos e a vida familiar. Senhora das águas salgadas, ela protege contra os perigos do mar.

Na Vibração de Yemanjá são: Cabocla YARA; Cabocla ESTRELA DO MAR; Cabocla DO MAR; Cabocla INDAYÁ; Cabocla INHASSÃ; Cabocla NANÃ-BURUCUN; Cabocla OXUM. Abaixo dessas Entidades, temos os GUIAS de Yemanjá: Caboclo DO MAR; Cabocla CINDA; Cabocla 7 LUAS; Cabocla JUÇANÃ; Cabocla JANDIRA e outros. Ainda dentro da Hierarquia Sagrada, logo abaixo, temos os PROTETORES. Dentre eles : Cabocla LUA NOVA; Cabocla ROSA BRANCA; Cabocla DA PRAIS; Cabocla JACY; Cabocla Cabocla DA CONCHA DOURADA; Caboclo 7 CONCHAS e outros.

Ali também está a força poderosa de Ogum. Na areia do mar está Ogum Beira mar e dentro da água está Ogum Sete Ondas. Eles atuam na ronda da Calunga grande e no reino de Iemanjá.

Devemos lembrar que o mar foi o cadinho de onde se produziu todas as primitivas formas de vida do planeta, assim como Iemanjá é a Grande Mãe, regendo todos os começos. Mas os pretos velhos consideram que o mar é a calunga grande pelo grande número de mortes que ocorreram, nos navios negreiros, nas lutas contra os piratas, nos combates no mar que levaram a tantos naufrágios. O fundo do mar é coalhado de histórias de pessoas que ali desencarnaram.

Na verdade o oceano é um grande mistério. Sabemos que possui profundos e desconhecidos abismos, onde se encontram muitas almas delinquentes prisioneiras, esperando o momento de sua regeneração, isoladas do mundo pela capacidade de destruição que ainda possuem. Há o livro do autor Ranieri, chamado “Aglon e os espíritos do mar”, que revela a existencia de numerosos espíritos aprisionados no fundo do mar por suas faltas. Segundo Ranieri, o livro foi ditado pelo próprio Julio Verne, famoso autor apaixonado mesmo em vida pelas história do mar.

Também ali alguns acreditem que se encontrem as sereias. Atribuem as sereias a seres que nunca encarnaram e atuam como seres encantados como os elementais. São seres naturais, regidas por Yemanjá, Oxum, Oxumaré e Nanã.

Ainda há trabalhando junto à Mãe Iemanjá as crianças, como Mariazinha da Praia, Joãozinho da Praia, Juqinha, Pedrinho, Estrelinha, etc., chegam nos terreiros trabalhando intensamente, de seu jeito que parecem estar brincando, e permanecem à beira-mar, junto com os pretos velhos, fazendo a ronda contra entidades maléficas.

No livro “Entre o Céu e a Terra”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz, este relata : “- O oceano é miraculoso reservatório de forças – elucidou Clarêncio, de maneira expressiva -; até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda ligados ao corpo da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso”.

Já no livro “Faz parte do Meu Show”, de Robson Pinheiro, encontramos várias referências do benefício que os recém-desencarnados recebem ao se aproximar das praia.

E no livro livro “Voltei”, também escrito por Francisco Cândido Xavier, a equipe responsável pelo trabalho de ajuda aos recém-desencarnados faz os primeiros atendimentos na praia.

Não há sombra de dúvida que sentimos revitalização e reposição de energias após um banho de mar, ou mesmo alguns momentos sentados em meditação e escutando o barulho característico das ondas batendo na praia. Cada umbandista deveria ao menos esporadicamente, ir à beira-mar, reverenciar à Mãe Iemanjá, pedindo a superação de momentos difíceis, Saúde, Força, Proteção, Paz.

Alex de Oxóssi

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