As cidades Espirituais
O que vou dizer aqui pode parecer absurdo, loucura mesmo, mas não há como falar do mundo dos Espíritos, das colônias espírituais sem chocar a razão dos que desconhecem que a lei da física fora do mundo corporal, obedece a outras leis. Como explicar que os umbrais ou as colônias espirituais que você viverá após a morte do seu corpo, será tão sólida e parecida com o lugar onde você pisa agora, que você poderá nem mesmo perceber que passou pela morte do corpo, antes, dependendo da situação, vai achar que foi levado durante o estado de coma ou sono a um outro lugar no plano físico onde você está agora.
Não sei se terá alguma utilidade o que direi sobre o mundo espiritual, das cidades e côlonias espirituais; tem muito escrito por aí, e, afinal, saber ou não saber disso não modificará muita coisa no destino de cada um, creio. Não tenho a pretensão de fazer alguém crer no que não crê, seria loucura; apenas vou relatar o que descobri nos estudos que fiz e que não tenho nenhuma dúvida quando a realidade dos fatos.
Para começarmos é preciso compreender que existem em você três coisas essenciais: seu corpo de carne, seu corpo espiritual e seu espírito propriamente dito; “mas você é o espírito”: aquilo que pensa e sente, já, o resto é acessório. Tanto o corpo espiritual quanto o carnal são temporários, sujeitos à modificação. O espírito, isto é, aquilo que pensa e sente, está ligado ao corpo espiritual e ao corpo carnal, principalmente ao cérebro; depende do cérebro momentaneamente para pensar bem; um desajuste no cérebro carnal desajusta também o espírito; porém, separado deste, volta o espírito ao seu estado normal.
O corpo espiritual está ligado ao corpo carnal molécula a molécula. Essas moléculas giram em determinada velocidade enquanto estão ligadas entre si; separadas as moléculas do corpo espiritual e carnal, as moléculas espirituais giram em outra velocidade influenciando o espírito que passa a sentir: a ver, a cheirar, a tocar a ser notado em outra dimensão de matéria. Ele deixa de existir, digamos assim, para essa dimensão e passa a existir para outra.
Se pudéssemos ver paisagens de algumas dimensões de matéria todas ao mesmo tempo, e pintássemos o que víssemos, seria a imagem de umas paisagens sobrepostas a outras. É como se tudo ocupasse o mesmo espaço circunscrito, sem, no entanto, se tocar. A distância entre o mundo em que vivemos e o que viveremos após a morte do corpo é dimensional e não em quilômetros.
Tenho pesquisado depoimentos de diferentes médiuns que dizem ver as mesmas imagens de paisagens ou casas espirituais sobre casas ou ruínas de casas materiais. A respeito de cidades, vilarejos, casas espirituais ocupando, se assim se poderia dizer, o mesmo espaço circunscrito das materiais, existem centenas de obras psicografadas. Uma obra bastante conhecida é “Nosso Lar” de Francisco Cândido Xavier. Essa obra refere-se a uma cidade espiritual que estaria situada, se pudesse ser sentida por todos nesta dimensão, acima da cidade do Rio de Janeiro, nos ares.
Uma coisa que me deixou bastante perplexo foi descobrir que os pensamentos que temos durante a vida junto com os sentimentos nos levam ao céu ou nos rebaixa ao inferno, isto é, a mundos espirituais horríveis e com espíritos desequilibrados, maus.
Os pensamentos junto a sentimentos contínuos modificam a estrutura do corpo espiritual, determinando assim a que dimensão da matéria o espírito vai pertencer depois de desligado do corpo físico. Sentimentos de misericórdia (dó), amor, alegria, calma, carinho, saudade, etc., durante um tempo mais ou menos longo, teriam poder para modificar o corpo espiritual e levá-lo a dimensões que poderíamos chamar de céu: um lugar de bem-estar, cheio de natureza viva, claro, alegre, com pessoas que sentem estes sentimentos e gostam de ajudar uns aos outros, fruto da imaginação de pessoas espiritualmente evoluídas. Já sentimentos de revolta, raiva, ódio, tristeza, mágoa, etc., durante um tempo mais ou menos longo, levam a um caminho inverso.
Existem outras causas, todas relacionadas aos sentimentos e pensamentos, como por exemplo: a constância de espíritos com estas qualidades próximos ao vivo, que também contribuí para essa modificação do corpo espiritual durante a vida. O inverso também se dá. Quando um médium atua, incorporando, para ajudar um espírito desequilibrado, outro espírito de natureza inversa sempre está presente para neutralizar está carga deletéria. Os Espíritos equilibrados e de natureza boa são solidários a quem pretenda ajudar os seus irmãos em estado de desequilíbrio. Os atos contínuos dos vivos quando ajudam ou prejudicam conscientemente alguém, interferem na estrutura do corpo espiritual por causa dos pensamentos e sentimentos que geram e pela proximidade de espíritos que aprovam e mesmo dirijam tais atos.
O corpo espiritual por que esteja ligado ao corpo de carne tem a forma mais ou menos deste, mas não as particularidades mínimas deste. Quando o corpo de carne morre, o corpo espiritual se separa molécula a molécula deste, levando o Espírito com ele.
O instante da separação, para a consciência do Espírito, sempre se inicia com sons parecidos a sinos e de helicópteros e a visão de um túnel com imagens passando em alta velocidade e a sensação de estar viajando dentro dele. Na verdade não há túnel, materialmente falando; o que há é a confusão dos sentidos da visão e audição que viajam em determinada direção e velocidade, captando tudo pelo caminho: coisas materiais e espirituais, e depois retorna junto ao corpo espiritual.
O Espírito passa a residir em todo o corpo espiritual, por isso não precisa dos olhos para ver, nem do nariz para cheirar, nem dos ouvidos para ouvir, nem das mãos para sentir o toque, ele faz isso pelo corpo todo, mas o espírito ao despertar ainda não sabe disso.
Inconscientemente o Espírito forma as particularidades visuais do seu corpo, inclusive as veste que acredita estar usando. Tudo é formado com o pensamento que modifica a forma e cor do corpo espiritual. Ele pode modificar a estrutura básica do seu corpo porque está ligado intimamente a este. Quase da mesma forma é modificada ou adicionada alguma paisagem no mundo espiritual, porém, porque não está ligado o Espírito tão intimamente a matéria existente fora dele, o processo de formação ou modificação é bem mais lenta e trabalhosa e nem todos os Espíritos são capazes de modificar a matéria prima existente na dimensão física a que vão pertencer.
A matéria prima necessária a criação dos Espíritos, esta disseminada por todo espaço na dimensão espiritual, e no seu estado original é semelhante ao nosso ar (oxigênio), isto é: é invisível e quase imperceptível aos Espíritos. O Espírito mais prático, dados a essas construções (modificações da matéria) começa sua criação olhando para um espaço vazio um pouco acima do solo ou para as palmas das mãos; imagina, então, os detalhes do que quer formar, coloca toda sua vontade nisso. Surge muito lentamente algo semelhante à fumaça ou vapor denso iluminado no centro, e depois a modificação se dá na forma, tamanho e cor.
Algumas construções de Espíritos são tão detalhadas, que a primeira vista parecem terem sido feitas a cimento, tijolos e madeira. Os Espíritos gostam de aproximar realisticamente suas “replicas” o máximo possível das que achavam belas quando viviam na nossa dimensão: Alguns recriam o lar onde viviam e onde se julgaram felizes; outros criam casas que gostariam de terem construído, mas que não o puderam. O interessante é que nos lugares de Espíritos equilibrados e de natureza boa, o que se poderia chamar de céu, a simplicidade das construções e a natureza predominam. Mesmo nas cidades há grande variedade de arbustos, trepadeiras, flores e árvores. A maioria prefere vilarejos com casas simples e muita natureza. Existe natureza viva como aqui, porém existem árvores e flores criadas pelo pensamento de alguns construtores espirituais, que são tão naturais à vista que a princípio passam despercebidas quanto a sua origem.
As cidades são criadas da mesma forma e ocupam grande número de Espíritos especialistas nestas construções. Os que na nossa dimensão material foram desenhistas, pintores de telas e construtores de casas e que possuam esta capacidade de modificar mais rapidamente a matéria prima, são logo requisitados por terem na mente os detalhes mais bem elaborados que outros de outras funções. Aos jardineiros cabe o mesmo oficio que tinham aqui, além da construção mental de replicas de plantas quando possuam a especialidade de modificação da matéria.
A dimensão espiritual está para os sentidos dos Espíritos tão material quanto a nossa para nós, tanto é assim que alguns recém chegados só percebem estarem no mundo dos Espíritos quando vêem outros que partiram entes deles. Existe gravidade e sente-se o peso do corpo, ainda que bem mais leve; chão aonde pisar, um céu acima da cabeça, paredes sólidas, cheiro, plantas com a mesma aparência.
Os Espíritos recém chegados se alimentam porque pensam que precisam da energia do alimento sólido. Na verdade os Espíritos não precisam do alimento. Seus corpos são nutridos pela matéria prima que eles assimilam sem se aperceberem disso e não sentem fome. Mas o costume que trazem consigo de ingerirem alimentos sólidos faz disso um prazer e eles procuram os gostos e odores; alguns acham mesmo que estão com fome, mas é um efeito puramente mental, um reflexo.
Existe grande variedade de frutos que nascem nos inúmeros pomares naturais. Também para eles são criados, da mesma forma que se criam as coisas, alimentos idênticos na aparência e quanto ao gosto dos que temos aqui. Existem Espíritos especialistas em criar odores e gostos nas substâncias modificadas mentalmente da matéria prima. É comum esses processos mentais serem ensinados aos “novatos”, mais alguns conseguem “reaprenderem” com a prática do exercício, sem auxilio algum e por pura curiosidade.
Na verdade não há novatos; há quem pense que é. Todo Espírito que chega ao mundo dos Espíritos na verdade está retornando, já esteve lá muitas vezes. Pode ser que não na mesma dimensão; talvez em outra, provavelmente mais baixa, difícil, mas também espiritual. O porquê de o Espírito lembrar-se imediatamente da vida que deixou na nossa dimensão e não lembrar-se das que teve na dimensão espiritual e em outras vidas na nossa dimensão, não se pode explicar; está nos desígnios do Criador, mas o processo de renascimento (a ligação do espírito ao corpo de carne) é sem dúvida um fator preponderante: para isso o Espírito sofre uma metamorfose no corpo espiritual que o leva da aparente velhice ou fase adulta para a aparência infantil que o leva a perder a consciência de si mesmo nos últimos momentos como Espírito. É comparado a um tipo de morte: o que movia o corpo espiritual vai-se juntamente com o que restou do corpo espiritual, como fumaça, ocupar um corpo qualquer de recém nascido. Quem pudesse presenciar esse fenômeno do corpo do recém nascido espiritual desaparecendo, veria algo semelhante ao gelo que depois de derreter-se, vira vapor e some nos ares. Daí o fato de no mundo espiritual não existirem cemitérios. É que lá as pessoas desaparecem aos poucos.
Para a maioria dos Espíritos nosso mundo, isto é, nossa dimensão simplesmente não existe, para outros só existe de vez em quando, mas somente para a vista: eles vêem por alguns instantes misturando-se ao mundo, as cidades aonde eles vivem. Mas para alguns só existe nosso mundo e somente para a visão e audição deles. Para esses, tudo são imagens e sons, tudo qual fumaça; não podem tocar em nada. Eles se vêem a si próprios às vezes como uma névoa transparente, às vezes nitidamente, mas ninguém os vê, exceto os médiuns, é claro. Eles não vêem as cidades espirituais nem os seus habitantes e por isso julgam que não exista tal coisa; alguns podem ver outros na mesma condição, mas nem sempre podem se comunicar verbalmente a não ser que estejam ligados a um médium. Geralmente são pessoas que se suicidaram ou foram assassinadas e se encontram em grande confusão mental. Há no meio desses, no entanto, pessoas que simplesmente foram muito materiais e sensuais e por isso tiveram a companhia constante de espíritos desequilibrados que contribuíram para uma identificação da organização e estruturação do corpo espiritual. No inicio, alguns não compreendem o que está lhes acontecendo, esperam acordar de um pesadelo e depois se julgam doidos; outros compreendem logo que estão no estado espiritual depois da morte física, mas pensam que sua situação é eterna, então, procuram olhar e às vezes até mesmo sentir o prazer de drogas e sexo aproximando-se de pessoas de carne e osso parecidas intimamente com elas mesmas (a semelhança aumenta a conexão dos sentidos). Passados os anos a repetição lhes cansa e a vida torna-se insuportável. Eles querem que outros os ouçam, querem conversar, ter amigos, família. Reconhecem que se afastaram de Deus e julgando a posição que ocupam como Espíritos, obtêm a certeza da existência de Deus e então se arrependem da vida que levaram. Mudando o estado da mente, com o passar do tempo, mudam inconscientemente a estrutura do corpo espiritual e podem então serem tocados, ainda que muito precariamente, por Espíritos mais evoluídos que trabalham no resgate desses indivíduos.
São levados por constrangimento metal até médiuns que os possa assimilar os pensamentos e serem ouvidos, instruídos para modificar o pensamento e consequentemente a estrutura espiritual, a fim de perceberem em todos os seus sentidos as cidades espirituais e seus habitantes. O nosso mundo material passa então, muito lentamente, às vezes em questão de dias, a desaparecer para os seus sentidos e as cidades e mundos espirituais vão aparecendo até se tornarem palpáveis, reais para todos os seus sentidos.
Um Espírito que passou a vida vagando entre imagens do nosso mundo e sem ter companhia de outros, chega bastante abalado e é recolhido a abrigos parecidos aos nossos hospitais e manicômios para tratamento da mente e do corpo espiritual; só depois recebe visitas de amigos e parentes que se interessam por ele e o precederam na passagem da vida; passa a descobrir ou redescobrir o mundo que entrou ou retornou.
O encantamento da maioria ao ver e sentir a natureza do mundo espiritual, as vilas, as cidades, é tão grande que não há palavras capazes de descrever o que sentem. Apesar da semelhança com nossa paisagem e arquitetura, a luz, a gravidade, a composição da matéria e a destreza de criação de certos Espíritos, empresta ao plano espiritual, mesmo o mais próximo ao nosso, uma beleza e encantamento inigualáveis.
Uma coisa bastante interessante é a presença de animais e insetos. Eles não se alimentam uns dos outros, se alimentam de frutos e restos de matéria que se desprendem da vegetação. Todos viveram materialmente a última encarnação em algum mundo material, mas não a última na terra. Não são selvagens no sentido de serem perigosos, pois que não tem de que se defender ou o que temer. São bem parecidos no visual aos que temos no plano material. A diferença marcante é que até mesmo os insetos têm um tipo de inteligência, e os animais do plano espiritual tem uma inteligência bem maior do que o que tem os nossos mais inteligentes animais domesticos e até mesmo nossos macacos. Um Espírito de homem pode quase que se comunicar e se fazer entender com qualquer animal, como fazemos com nossos macacos mais inteligentes aqui. Muitos já viveram no nosso plano material e evoluiram passando em diversos mundos. Há tipos de borboletas, abelhas, formigas, passáros, cães, cavalos, macacos, peixes, coelhos, etc. Porém ainda não têm inteligência que se equipare a nossa, como nossos macacos também não têm.
Mesmo “sentindo” que tem todas as características materiais do corpo que deixou, inclusive o peso, o Espírito tem natureza muito diversa. Inclusive, como já citei no ínicio, o mundo onde está não obedece exatamente às mesmas leis da física. Uma surpresa extasiante para muitos é descobrir que pela vontade e treino da mente, podem se afastar do solo e seguir em alguma distância, voando literalmente. A gravidade existe muito pequena e a densidade dos corpos junto ao poder executivo da mente do Espírito sobre a matéria que o cerca, permite esse “milagre”. Os que acabam de chegar demoram algum tempo até adquirirem esse poder. Isso se dá porque seus corpos espirituais estão em constante modificação e são mais sujeitos a gravidade no início de sua chegada. Ao que parece o Espírito tem controle sobre seu peso, pois em caso contrário andariam flutuando como na lua os nossos astronautas. Basta eles quererem estarem no chão e sentirem o peso, ou acharem que têm aquele peso para isso acontecer.
Apesar de tudo, no mundo espiritual os Espíritos caminham com os pés no chão "sentindo" seus pesos, tocam uns nos outros, se vêem e vêem a natureza e uns aos outros exatamente como nós vemos e tocamos uns nos outros. Tudo é tão sólido para os seus sentidos que de vez em quando é natural se esquecer que já não se está num corpo de carne. Os animais tendo vindo de mundos materiais, sentem seus pesos porque estão acostumados a isso e suas mentes os mantêm no chão. Os peixes nadam; os passáros batem as asas para voar como faziam nos seus mundos materiais e voam, mas não por efeito do vento os levantando; suas mentes os faz voar.
Outra redescoberta bastante extasiante e às vezes constrangedora é a capacidade de um Espírito entender o outro sem o auxilio da palavra. A facilidade da mente de um espírito captar as ondas de pensamento de um Espírito no qual se aproxime se fixe a atenção, é surpreendente. É impossível dissimular. Se um está triste e sorri querendo disfarçar o outro tem certeza da dissimulação: sente a tristeza do outro. Se alguém gosta muito ou pouco de outro alguém e de que forma gosta, se pensa em dizer algo, se sente medo ou vergonha, tudo é sabido pelo outro. Para conversar basta olhar e pensar no que se quer dizer, mas o uso da palavra ainda é empregado por costume. Um Espírito vê o outro e sabe de imediato com quem está lidando sem saber como sabe.
As amizades são automáticas e muito mais numerosas porque os interesses e os agrupamentos por condição de nível social não existem para atrapalhar. Não há ricos ou pobres, o que há é mais experiente e menos experientes em certas questões.
Uma decepção para muitos é descobrir que alguns a quem eles julgavam muito inferiores intelectualmente quando no corpo de carne, são em realidade bem superiores no saber que eles próprios. Isso se dá pelo fato de que com o passar do tempo os Espíritos vão se lembrando das vidas que tiveram e das experiências que tiveram.
O mundo espiritual é para todos “a hora da verdade”.
Não sei se terá alguma utilidade o que direi sobre o mundo espiritual, das cidades e côlonias espirituais; tem muito escrito por aí, e, afinal, saber ou não saber disso não modificará muita coisa no destino de cada um, creio. Não tenho a pretensão de fazer alguém crer no que não crê, seria loucura; apenas vou relatar o que descobri nos estudos que fiz e que não tenho nenhuma dúvida quando a realidade dos fatos.
Para começarmos é preciso compreender que existem em você três coisas essenciais: seu corpo de carne, seu corpo espiritual e seu espírito propriamente dito; “mas você é o espírito”: aquilo que pensa e sente, já, o resto é acessório. Tanto o corpo espiritual quanto o carnal são temporários, sujeitos à modificação. O espírito, isto é, aquilo que pensa e sente, está ligado ao corpo espiritual e ao corpo carnal, principalmente ao cérebro; depende do cérebro momentaneamente para pensar bem; um desajuste no cérebro carnal desajusta também o espírito; porém, separado deste, volta o espírito ao seu estado normal.
O corpo espiritual está ligado ao corpo carnal molécula a molécula. Essas moléculas giram em determinada velocidade enquanto estão ligadas entre si; separadas as moléculas do corpo espiritual e carnal, as moléculas espirituais giram em outra velocidade influenciando o espírito que passa a sentir: a ver, a cheirar, a tocar a ser notado em outra dimensão de matéria. Ele deixa de existir, digamos assim, para essa dimensão e passa a existir para outra.
Se pudéssemos ver paisagens de algumas dimensões de matéria todas ao mesmo tempo, e pintássemos o que víssemos, seria a imagem de umas paisagens sobrepostas a outras. É como se tudo ocupasse o mesmo espaço circunscrito, sem, no entanto, se tocar. A distância entre o mundo em que vivemos e o que viveremos após a morte do corpo é dimensional e não em quilômetros.
Tenho pesquisado depoimentos de diferentes médiuns que dizem ver as mesmas imagens de paisagens ou casas espirituais sobre casas ou ruínas de casas materiais. A respeito de cidades, vilarejos, casas espirituais ocupando, se assim se poderia dizer, o mesmo espaço circunscrito das materiais, existem centenas de obras psicografadas. Uma obra bastante conhecida é “Nosso Lar” de Francisco Cândido Xavier. Essa obra refere-se a uma cidade espiritual que estaria situada, se pudesse ser sentida por todos nesta dimensão, acima da cidade do Rio de Janeiro, nos ares.
Uma coisa que me deixou bastante perplexo foi descobrir que os pensamentos que temos durante a vida junto com os sentimentos nos levam ao céu ou nos rebaixa ao inferno, isto é, a mundos espirituais horríveis e com espíritos desequilibrados, maus.
Os pensamentos junto a sentimentos contínuos modificam a estrutura do corpo espiritual, determinando assim a que dimensão da matéria o espírito vai pertencer depois de desligado do corpo físico. Sentimentos de misericórdia (dó), amor, alegria, calma, carinho, saudade, etc., durante um tempo mais ou menos longo, teriam poder para modificar o corpo espiritual e levá-lo a dimensões que poderíamos chamar de céu: um lugar de bem-estar, cheio de natureza viva, claro, alegre, com pessoas que sentem estes sentimentos e gostam de ajudar uns aos outros, fruto da imaginação de pessoas espiritualmente evoluídas. Já sentimentos de revolta, raiva, ódio, tristeza, mágoa, etc., durante um tempo mais ou menos longo, levam a um caminho inverso.
Existem outras causas, todas relacionadas aos sentimentos e pensamentos, como por exemplo: a constância de espíritos com estas qualidades próximos ao vivo, que também contribuí para essa modificação do corpo espiritual durante a vida. O inverso também se dá. Quando um médium atua, incorporando, para ajudar um espírito desequilibrado, outro espírito de natureza inversa sempre está presente para neutralizar está carga deletéria. Os Espíritos equilibrados e de natureza boa são solidários a quem pretenda ajudar os seus irmãos em estado de desequilíbrio. Os atos contínuos dos vivos quando ajudam ou prejudicam conscientemente alguém, interferem na estrutura do corpo espiritual por causa dos pensamentos e sentimentos que geram e pela proximidade de espíritos que aprovam e mesmo dirijam tais atos.
O corpo espiritual por que esteja ligado ao corpo de carne tem a forma mais ou menos deste, mas não as particularidades mínimas deste. Quando o corpo de carne morre, o corpo espiritual se separa molécula a molécula deste, levando o Espírito com ele.
O instante da separação, para a consciência do Espírito, sempre se inicia com sons parecidos a sinos e de helicópteros e a visão de um túnel com imagens passando em alta velocidade e a sensação de estar viajando dentro dele. Na verdade não há túnel, materialmente falando; o que há é a confusão dos sentidos da visão e audição que viajam em determinada direção e velocidade, captando tudo pelo caminho: coisas materiais e espirituais, e depois retorna junto ao corpo espiritual.
O Espírito passa a residir em todo o corpo espiritual, por isso não precisa dos olhos para ver, nem do nariz para cheirar, nem dos ouvidos para ouvir, nem das mãos para sentir o toque, ele faz isso pelo corpo todo, mas o espírito ao despertar ainda não sabe disso.
Inconscientemente o Espírito forma as particularidades visuais do seu corpo, inclusive as veste que acredita estar usando. Tudo é formado com o pensamento que modifica a forma e cor do corpo espiritual. Ele pode modificar a estrutura básica do seu corpo porque está ligado intimamente a este. Quase da mesma forma é modificada ou adicionada alguma paisagem no mundo espiritual, porém, porque não está ligado o Espírito tão intimamente a matéria existente fora dele, o processo de formação ou modificação é bem mais lenta e trabalhosa e nem todos os Espíritos são capazes de modificar a matéria prima existente na dimensão física a que vão pertencer.
A matéria prima necessária a criação dos Espíritos, esta disseminada por todo espaço na dimensão espiritual, e no seu estado original é semelhante ao nosso ar (oxigênio), isto é: é invisível e quase imperceptível aos Espíritos. O Espírito mais prático, dados a essas construções (modificações da matéria) começa sua criação olhando para um espaço vazio um pouco acima do solo ou para as palmas das mãos; imagina, então, os detalhes do que quer formar, coloca toda sua vontade nisso. Surge muito lentamente algo semelhante à fumaça ou vapor denso iluminado no centro, e depois a modificação se dá na forma, tamanho e cor.
Algumas construções de Espíritos são tão detalhadas, que a primeira vista parecem terem sido feitas a cimento, tijolos e madeira. Os Espíritos gostam de aproximar realisticamente suas “replicas” o máximo possível das que achavam belas quando viviam na nossa dimensão: Alguns recriam o lar onde viviam e onde se julgaram felizes; outros criam casas que gostariam de terem construído, mas que não o puderam. O interessante é que nos lugares de Espíritos equilibrados e de natureza boa, o que se poderia chamar de céu, a simplicidade das construções e a natureza predominam. Mesmo nas cidades há grande variedade de arbustos, trepadeiras, flores e árvores. A maioria prefere vilarejos com casas simples e muita natureza. Existe natureza viva como aqui, porém existem árvores e flores criadas pelo pensamento de alguns construtores espirituais, que são tão naturais à vista que a princípio passam despercebidas quanto a sua origem.
As cidades são criadas da mesma forma e ocupam grande número de Espíritos especialistas nestas construções. Os que na nossa dimensão material foram desenhistas, pintores de telas e construtores de casas e que possuam esta capacidade de modificar mais rapidamente a matéria prima, são logo requisitados por terem na mente os detalhes mais bem elaborados que outros de outras funções. Aos jardineiros cabe o mesmo oficio que tinham aqui, além da construção mental de replicas de plantas quando possuam a especialidade de modificação da matéria.
A dimensão espiritual está para os sentidos dos Espíritos tão material quanto a nossa para nós, tanto é assim que alguns recém chegados só percebem estarem no mundo dos Espíritos quando vêem outros que partiram entes deles. Existe gravidade e sente-se o peso do corpo, ainda que bem mais leve; chão aonde pisar, um céu acima da cabeça, paredes sólidas, cheiro, plantas com a mesma aparência.
Os Espíritos recém chegados se alimentam porque pensam que precisam da energia do alimento sólido. Na verdade os Espíritos não precisam do alimento. Seus corpos são nutridos pela matéria prima que eles assimilam sem se aperceberem disso e não sentem fome. Mas o costume que trazem consigo de ingerirem alimentos sólidos faz disso um prazer e eles procuram os gostos e odores; alguns acham mesmo que estão com fome, mas é um efeito puramente mental, um reflexo.
Existe grande variedade de frutos que nascem nos inúmeros pomares naturais. Também para eles são criados, da mesma forma que se criam as coisas, alimentos idênticos na aparência e quanto ao gosto dos que temos aqui. Existem Espíritos especialistas em criar odores e gostos nas substâncias modificadas mentalmente da matéria prima. É comum esses processos mentais serem ensinados aos “novatos”, mais alguns conseguem “reaprenderem” com a prática do exercício, sem auxilio algum e por pura curiosidade.
Na verdade não há novatos; há quem pense que é. Todo Espírito que chega ao mundo dos Espíritos na verdade está retornando, já esteve lá muitas vezes. Pode ser que não na mesma dimensão; talvez em outra, provavelmente mais baixa, difícil, mas também espiritual. O porquê de o Espírito lembrar-se imediatamente da vida que deixou na nossa dimensão e não lembrar-se das que teve na dimensão espiritual e em outras vidas na nossa dimensão, não se pode explicar; está nos desígnios do Criador, mas o processo de renascimento (a ligação do espírito ao corpo de carne) é sem dúvida um fator preponderante: para isso o Espírito sofre uma metamorfose no corpo espiritual que o leva da aparente velhice ou fase adulta para a aparência infantil que o leva a perder a consciência de si mesmo nos últimos momentos como Espírito. É comparado a um tipo de morte: o que movia o corpo espiritual vai-se juntamente com o que restou do corpo espiritual, como fumaça, ocupar um corpo qualquer de recém nascido. Quem pudesse presenciar esse fenômeno do corpo do recém nascido espiritual desaparecendo, veria algo semelhante ao gelo que depois de derreter-se, vira vapor e some nos ares. Daí o fato de no mundo espiritual não existirem cemitérios. É que lá as pessoas desaparecem aos poucos.
Para a maioria dos Espíritos nosso mundo, isto é, nossa dimensão simplesmente não existe, para outros só existe de vez em quando, mas somente para a vista: eles vêem por alguns instantes misturando-se ao mundo, as cidades aonde eles vivem. Mas para alguns só existe nosso mundo e somente para a visão e audição deles. Para esses, tudo são imagens e sons, tudo qual fumaça; não podem tocar em nada. Eles se vêem a si próprios às vezes como uma névoa transparente, às vezes nitidamente, mas ninguém os vê, exceto os médiuns, é claro. Eles não vêem as cidades espirituais nem os seus habitantes e por isso julgam que não exista tal coisa; alguns podem ver outros na mesma condição, mas nem sempre podem se comunicar verbalmente a não ser que estejam ligados a um médium. Geralmente são pessoas que se suicidaram ou foram assassinadas e se encontram em grande confusão mental. Há no meio desses, no entanto, pessoas que simplesmente foram muito materiais e sensuais e por isso tiveram a companhia constante de espíritos desequilibrados que contribuíram para uma identificação da organização e estruturação do corpo espiritual. No inicio, alguns não compreendem o que está lhes acontecendo, esperam acordar de um pesadelo e depois se julgam doidos; outros compreendem logo que estão no estado espiritual depois da morte física, mas pensam que sua situação é eterna, então, procuram olhar e às vezes até mesmo sentir o prazer de drogas e sexo aproximando-se de pessoas de carne e osso parecidas intimamente com elas mesmas (a semelhança aumenta a conexão dos sentidos). Passados os anos a repetição lhes cansa e a vida torna-se insuportável. Eles querem que outros os ouçam, querem conversar, ter amigos, família. Reconhecem que se afastaram de Deus e julgando a posição que ocupam como Espíritos, obtêm a certeza da existência de Deus e então se arrependem da vida que levaram. Mudando o estado da mente, com o passar do tempo, mudam inconscientemente a estrutura do corpo espiritual e podem então serem tocados, ainda que muito precariamente, por Espíritos mais evoluídos que trabalham no resgate desses indivíduos.
São levados por constrangimento metal até médiuns que os possa assimilar os pensamentos e serem ouvidos, instruídos para modificar o pensamento e consequentemente a estrutura espiritual, a fim de perceberem em todos os seus sentidos as cidades espirituais e seus habitantes. O nosso mundo material passa então, muito lentamente, às vezes em questão de dias, a desaparecer para os seus sentidos e as cidades e mundos espirituais vão aparecendo até se tornarem palpáveis, reais para todos os seus sentidos.
Um Espírito que passou a vida vagando entre imagens do nosso mundo e sem ter companhia de outros, chega bastante abalado e é recolhido a abrigos parecidos aos nossos hospitais e manicômios para tratamento da mente e do corpo espiritual; só depois recebe visitas de amigos e parentes que se interessam por ele e o precederam na passagem da vida; passa a descobrir ou redescobrir o mundo que entrou ou retornou.
O encantamento da maioria ao ver e sentir a natureza do mundo espiritual, as vilas, as cidades, é tão grande que não há palavras capazes de descrever o que sentem. Apesar da semelhança com nossa paisagem e arquitetura, a luz, a gravidade, a composição da matéria e a destreza de criação de certos Espíritos, empresta ao plano espiritual, mesmo o mais próximo ao nosso, uma beleza e encantamento inigualáveis.
Uma coisa bastante interessante é a presença de animais e insetos. Eles não se alimentam uns dos outros, se alimentam de frutos e restos de matéria que se desprendem da vegetação. Todos viveram materialmente a última encarnação em algum mundo material, mas não a última na terra. Não são selvagens no sentido de serem perigosos, pois que não tem de que se defender ou o que temer. São bem parecidos no visual aos que temos no plano material. A diferença marcante é que até mesmo os insetos têm um tipo de inteligência, e os animais do plano espiritual tem uma inteligência bem maior do que o que tem os nossos mais inteligentes animais domesticos e até mesmo nossos macacos. Um Espírito de homem pode quase que se comunicar e se fazer entender com qualquer animal, como fazemos com nossos macacos mais inteligentes aqui. Muitos já viveram no nosso plano material e evoluiram passando em diversos mundos. Há tipos de borboletas, abelhas, formigas, passáros, cães, cavalos, macacos, peixes, coelhos, etc. Porém ainda não têm inteligência que se equipare a nossa, como nossos macacos também não têm.
Mesmo “sentindo” que tem todas as características materiais do corpo que deixou, inclusive o peso, o Espírito tem natureza muito diversa. Inclusive, como já citei no ínicio, o mundo onde está não obedece exatamente às mesmas leis da física. Uma surpresa extasiante para muitos é descobrir que pela vontade e treino da mente, podem se afastar do solo e seguir em alguma distância, voando literalmente. A gravidade existe muito pequena e a densidade dos corpos junto ao poder executivo da mente do Espírito sobre a matéria que o cerca, permite esse “milagre”. Os que acabam de chegar demoram algum tempo até adquirirem esse poder. Isso se dá porque seus corpos espirituais estão em constante modificação e são mais sujeitos a gravidade no início de sua chegada. Ao que parece o Espírito tem controle sobre seu peso, pois em caso contrário andariam flutuando como na lua os nossos astronautas. Basta eles quererem estarem no chão e sentirem o peso, ou acharem que têm aquele peso para isso acontecer.
Apesar de tudo, no mundo espiritual os Espíritos caminham com os pés no chão "sentindo" seus pesos, tocam uns nos outros, se vêem e vêem a natureza e uns aos outros exatamente como nós vemos e tocamos uns nos outros. Tudo é tão sólido para os seus sentidos que de vez em quando é natural se esquecer que já não se está num corpo de carne. Os animais tendo vindo de mundos materiais, sentem seus pesos porque estão acostumados a isso e suas mentes os mantêm no chão. Os peixes nadam; os passáros batem as asas para voar como faziam nos seus mundos materiais e voam, mas não por efeito do vento os levantando; suas mentes os faz voar.
Outra redescoberta bastante extasiante e às vezes constrangedora é a capacidade de um Espírito entender o outro sem o auxilio da palavra. A facilidade da mente de um espírito captar as ondas de pensamento de um Espírito no qual se aproxime se fixe a atenção, é surpreendente. É impossível dissimular. Se um está triste e sorri querendo disfarçar o outro tem certeza da dissimulação: sente a tristeza do outro. Se alguém gosta muito ou pouco de outro alguém e de que forma gosta, se pensa em dizer algo, se sente medo ou vergonha, tudo é sabido pelo outro. Para conversar basta olhar e pensar no que se quer dizer, mas o uso da palavra ainda é empregado por costume. Um Espírito vê o outro e sabe de imediato com quem está lidando sem saber como sabe.
As amizades são automáticas e muito mais numerosas porque os interesses e os agrupamentos por condição de nível social não existem para atrapalhar. Não há ricos ou pobres, o que há é mais experiente e menos experientes em certas questões.
Uma decepção para muitos é descobrir que alguns a quem eles julgavam muito inferiores intelectualmente quando no corpo de carne, são em realidade bem superiores no saber que eles próprios. Isso se dá pelo fato de que com o passar do tempo os Espíritos vão se lembrando das vidas que tiveram e das experiências que tiveram.
O mundo espiritual é para todos “a hora da verdade”.
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