Espiritismo em Época de Transição
Saara Nousiainem
É fácil perceber que estamos vivendo o final de uma
civilização decadente, mas também já é possível vislumbrar
que estamos ensaiando os primeiros passos sobre a ponte
que nos levará a uma nova época.
Também nos meios espíritas há sinais dessa
transição, principalmente nas expectativas que se desenham
nos corações de
grande número de companheiros, clamando
por mudanças, por
novos enfoques, assim como também no trabalho de outros tantos, visando mais praticidade
e
otimização na difícil tarefa de CRESCIMENTO INTERIOR,
que reflete a finalidade maior do próprio Espiritismo.
O movimento espírita está numa espécie de repetição da
história do cristianismo primitivo, numa fase decisiva em sua caminhada. É como
se estivéssemos diante de duas portas, uma larga e outra estreita, exatamente
como na advertência de Jesus.
A larga dá acesso a um caminho também largo e confortável,
que segue através da planície. A outra dá acesso a um caminho pedregoso,
estreito, que sobe pelas escarpas da montanha, numa jornada difícil e
sacrificial.
Pelo caminho largo, não precisamos estar constantemente em
alerta, observando onde pisar, nem fazer muito esforço para caminhar. Basta
deixar-nos levar.
No estreito, a subida é difícil. Nossos pés se machucam nos
pedregulhos, enquanto o corpo vai se ferindo nos espinhos, mas, em meio aos
pedregulhos, crescem lírios brancos a embelezar e perfumar nosso ambiente e, em
torno dos espinhos que nos ferem, encontramos folhas verdes a simbolizarem esperança.
O suor que escorre pelo rosto e pelo corpo, nos esforços da subida, reflete a
purificação da nossa alma pela eliminação de toxinas espirituais, do lixo
interior que fomos acumulando ao longo do tempo. E quando menos esperamos,
alcançamos o topo da montanha de uma nova etapa evolutiva.
Olhando então para trás, para os caminhos difíceis que
acabamos de percorrer, nossa alma se encherá de alegria pelas escolhas
acertadas que fizemos.
Mas… se a escolha foi o caminho largo e fácil, já que temos
o direito de escolher…
Quando Jesus veio trazer novos paradigmas à humanidade, seus
seguidores tiveram a missão de levar aquelas idéias para o mundo. Se eles
tivessem seguido pelo caminho largo, o da planície, o cristianismo teria
morrido em seu nascedouro, mas aqueles cristãos fizeram do “vivenciar os
ensinamentos de Jesus e difundir a Boa Nova” o seu projeto de vida, a sua
primeira prioridade, a meta para a qual caminharam sem medir esforços nem
sacrifícios. Foi uma entrega total. Assim, seguindo pelo caminho estreito e
entregando as próprias vidas em sacrifício, eles conseguiram fazer com que a
mensagem da Boa Nova pudesse atravessar os séculos e, mesmo de forma
distorcida, chegar até nós.
Hoje estamos numa nova fase de transição; desta vez, muito
mais radical porque o mundo vai mudar de grau. De “provas e expiações” passará
à condição de “mundo de regeneração”. Com isso, as imensas legiões de espíritos
empedernidos no mal, sabendo que poderão ser exiladas para mundos inferiores,
estão “jogando todas as suas cartas” na tentativa de dominar o planeta e aqui
permanecer.
Pode-se então facilmente observar o quanto essa fase está
sendo conturbada, com as legiões do mal aplicando todos os seus recursos, sua
ciência e tecnologias para vencer quaisquer esforços que visem à iluminação do
ser.
Estamos assim novamente diante das duas portas, a larga e
fácil e a estreita e difícil, só que as dificuldades de agora são diferentes.
Diria até que são maiores, porque naquela época ainda pairava no ar a presença
do Mestre e seus ensinos e exortações eram repetidos diuturnamente pelos seus
seguidores, inflamando-os. Seus corações pulsavam na vibração da Boa Nova, como
se fosse o próprio cântico dos anjos a se espalhar sobre os montes, vales e
cidades, abençoando corações que há muito aguardavam por ela.
Hoje, temos um movimento espírita formado por diversos
tipos: os que aderiram à nossa doutrina, por achá-la coerente; os que chegaram
empurrados pelo sofrimento e aqueles outros, poucos, cujos corações pulsam ao
ritmo da revelação espírita e que fizeram do espiritismo seu projeto de vida.
A situação é bem diferente daquela do primitivo
cristianismo, porque o espiritismo institucionalizou-se, perdendo o ar de
cumplicidade geradora de companheirismo e fraternidade. Por outro lado, os poderes
das trevas tudo fazem, não para destruí-lo ou parar a sua marcha, mas para
evitar que se aloje nos corações e realize as transformações que o Mestre
espera.
Nesse contexto, é fácil observar como os estudos
doutrinários, os cursos e as atividades caritativas que são realizadas nos
meios espíritas pouca resistência encontram, mas qualquer ação visando à
“vivência” dos conteúdos espíritas encontra grandes dificuldades para se firmar
e produzir efeitos. Nota-se uma espécie de apatia, de desinteresse por propostas
que visem, de forma prática e concreta, levar à vivência da amorosidade, da
alteridade (respeito pelo pensamento dos outros, por sua maneira de ser, de
viver, por seus direitos, etc.), da humildade e demais valores. A propósito,
cabe lembrar o que disse Ermance Dufaux: "Espiritismo na cabeça é
informação. No coração é transformação".
É verdade que, paralelamente, vem acontecendo um despertar
para a busca desses valores, mas isto reflete a minoria e mesmo os grupos que
se formam visando a esse crescimento interior encontram grandes dificuldades a
fim de conseguir melhores resultados. É o trabalho maciço das sombras contra
essas luzes.
Vemos então que este é o momento de relembrarmos os
primitivos cristãos, a sua entrega, o seu amor, a sua renúncia, para ganharmos
nós também mais disposição e energia em nossa luta com vistas a vencer as
forças do mal. Também importa lembrar que o foco principal dessa luta deve
estar em nossa TRANSFORMAÇÃO INTERIOR.
Lembremos que os cristãos primitivos vivenciavam realmente
os ensinamentos de Jesus, tanto na prática da caridade quanto em suas atitudes.
Depois, tudo foi se transformando. O foco foi mudando até institucionalizar-se
numa igreja, a Católica Apostólica Romana.
Será que vamos deixar o espiritismo também acabar como mera
instituição de caráter filosófico, científico e religioso, crescendo em número
de centros e de adeptos, “mostrando a cara” ao mundo, como tantos desejam, mas
sem cumprir a sua finalidade maior, que é a transformação do ser?
Diante do exposto, cuja realidade qualquer espírita
militante percebe facilmente, observa-se a necessidade (urgente) de mudanças
nos meios espíritas, nas atividades dos centros, na mentalidade dos dirigentes
e dos trabalhadores, no convívio na casa espírita, na forma como vivenciamos e
apresentamos o espiritismo àqueles que nos procuram.
Procuremos então refletir, fazer reuniões, trocar idéias,
criar fóruns de debates, tudo que for preciso para percebermos quais mudanças
estão sendo necessárias, e o quê e como fazer para difundir tais percepções
e/ou implementá-las.
(Trechos do opúsculo " O espiritismo em época de
transição")
Outras questões relacionadas são analisadas no livro
"A Transição está pedindo mudanças", que pode ser
adquirido
na ALIANÇA DISTRIBUIDORA E EDITORA DE LIVROS ESPÍRITAS – SP
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