O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e lhe reanima a coragem a idéia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência.
O descrédito de alguns em relação a essa lei não altera a sua vigência, visto que uma lei eterna, fundamentada por Deus, não vai deixar de ser lei porque um punhado de Espíritos nela não acredita. Quem não crê na luz não afeta a existência dela, e continuará a ser por ela beneficiado. Por alguém não acreditar que a água sacia a sede e é um benefício para a vida, a água não vai deixar de existir para ele; ela corre o seu percurso, sempre fazendo o bem que Deus determinou. Assim por diante, são inumeráveis os fatos que existem, independentes da aprovação dos homens. O Cristo sempre foi, é, e será nosso guia espiritual, mesmo que não creiamos na Sua presença em nossas vidas. Deus é muito mais real na existência de todas as criaturas, e muitas delas O negam. Isso tudo são fases na vida dos Espíritos e o tempo mostrar-lhes-á a realidade, por processos que eles mesmos desconhecem.
A reencarnação sempre existiu, desde o princípio da criação dos mundos, como veredas que se abrem para o despertamento dos Espíritos e, se perguntarmos o porquê da reencarnação, temos muito o que ouvir. O próprio silêncio nos faz meditar sobre o assunto, e as vidas sucessivas, pelas quais todos devem passar, e já passaram por muitas, conscientizarão o homem da realidade, fazendo, no silêncio da vida, lembranças correspondentes e raciocínios claros sobre a necessidade das vidas múltiplas.
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